A esperança

di Antonio de Curtis

Toda a semana faço um boletim:
à boca roubo aqueles vinte paus...
mas sábado näo conta para mim
se acaso no totobola näo jogar.

Até o sono vir, todas as noites
nas mäos viro e reviro o papelinho,
pensando: um, xis ou dois?, e faço as contas:
Como tanto dinheiro hei-de gastar?

Toda a semana vivo na ilusäo,
- só à segunda-feira näo me aturem!
Mas na sexta, de vinte paus na mäo,
lá vou eu outra vez pôr-me a jogar.

Nada ganho, bem sei... Mas que me importa?
Basta-me viver só com a esperança.
Como posso ganhar? Tenho esta sorte,
este destino meu näo sei mudar...

Mas depois arranjei este sistema,
sou que nem milionário todo o ano.
Bem me podem dizer: «És um palerma!
Tu afinal näo jogas pr’a ganhar?»

Se tivesse ganho esses tais milhöes
estava agora já desesperado.
Assim, vivo na lua rico de ilusöes
sempre com a esperança de ganhar.

traduzione di
José Calaço Barreiros