O indesejàveldi Antonio de Curtis
 
Näo sei porquê, se entro numa casa  
é como aparecer o gato-pingado.  
Sinto pousar-se em mim olhos em brasa  
nem há rosto que veja consolado,  
e cem línguas eu oiço bichanar:  
 
«Ih como é feio! Que o roam as lombrigas!»  
«Eu bem lhe dava um copo de veneno...»  
«Quando lhe vejo a cara faço figas!»  
«Mais valia em vez dele o próprio demo!»  
«Debaixo de um comboio viesse a ficar!...» 
 
Näo sei por que näo podem ver-me à frente  
e contra mim se mostram mal dispostos.  
Näo sou pária ou leproso, sou agente  
fiscal encarregado dos impostos:  
o contribuinte deve-me respeitar!  
traduzione di  José Calaço Barreiros
  |